sábado, 29 de maio de 2010

A ‘voz’ do meio ambiente


O cenário? Nada de grandes teatros, cadeiras confortáveis e ar condicionado. O público? O engraxate, a dona de casa, o gerente do banco, o médico e o advogado. Ele caminha pela rua, de repente pára, abre a mochila e começa a se preparar. Minutos depois as pessoas já estão ao seu redor e ele ensina meio ambiente para o grande público. E começa o espetáculo. O outro cenário, que incentiva o trabalho ambiental em forma de arte, é o da discussão sobre as bases da preservação do meio ambiente para garantir a sustentabilidade. A questão ambiental é uma questão sócio-cultural. É o que pensa o mímico Everton Ferre, artista que se preocupa em fazer da arte um instrumento para educação. Ele dedica seu tempo à educação ambiental há 20 anos. O paranaense de Curitiba hoje vive na cidade de Medianeira, região com 40 mil habitantes no interior do estado, e viaja o Brasil e o mundo fazendo mímica ambiental para um público diversificado. Como ele mesmo diz: “desde que esteja respirando é público”. Durante algum tempo Everton sentia que seu público alvo eram crianças, mas acabou se encantando com cada faixa etária e social que encontrava.

Em uma conversa de aproximadamente duas horas, o mímico mostrou ser também um artista falante, otimista e que acredita num futuro melhor. Everton estudou mímica por dois anos em Lima, no Peru, e sempre se apresentou fora dos teatros. Mas foi no oeste do Paraná que surgiu a idéia da mímica direcionada para a educação ambiental. A luta contra a reabertura da Estrada do Colono, que liga os municípios de Serranópolis do Iguaçu e Capanema, cortando o Parque Nacional do Iguaçu no oeste do Paraná, foi o ponto de partida para o trabalho. Por ser uma região de intensos conflitos entre os produtores rurais e ambientalistas, a arte teve um papel fundamental na conscientização da população local. “Esse é um trabalho em longo prazo. Tenho percebido que as crianças que me assistiram quando eram pequenas, e hoje já cresceram, estão mais decididas. Meu trabalho está dando resultados positivos. Lá também mostro o uso indevido de defensivos agrícolas, a importância de equipamentos de segurança, a influência da irrigação em uma lavoura próxima de um rio. Mostro a importância da mata ciliar e da coleta seletiva.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário