terça-feira, 17 de agosto de 2010

Para que serve o desmatamento?

O uso descontrolado da terra, como base para a produção de alimentos e fornecimento de subsídios necessários à pecuária, tem afetado drasticamente as condições ambientais. A perda da capacidade de fertilização natural do solo e o crescente acúmulo de áreas de desmatamento se apresentam nesta condição. Uma das práticas de destruição dessa camada fértil do solo está no uso intensivo da terra para a criação de gados, através do pisoteio, que é ocasionado pela formação de pastagens em geral (processo de desertificação do solo).
O modo de produção baseado na competitividade e na exploração demasiada da terra (e do animal), conforme OHNUMA JR. (2004), fez com que processos contínuos de desertificação do uso do solo se intensificassem de forma acelerada. Desertificação define-se como sendo o empobrecimento de ecossistemas áridos (semi e sub), impactados por ações antrópicas (causadas pelo homem).

A cada ano, segundo a Earth Save Foundation (1992), milhares de km² de florestas são destruídas de forma permanente, ocasionando a extinção de mais de 1000 espécies de plantas e animais. Uma taxa atual aproximada de 1000 espécies nativas são extintas devido à destruição de florestas tropicais. E dessas 1000 espécies, cerca de 250 são eliminadas na América Central para dar lugar a pastagens e fazendas de gado.


Estudos recentes apresentados pelo Banco Mundial (2003), demonstra que a evolução do uso da terra tem se intensificado no início dos anos 70. A principal mudança no uso do solo é a enorme expansão da área ocupada pelas pastagens, com cerca de 70% dessas áreas desmatadas para este fim no ano de 1995.



Tabela – Evolução do uso da terra na Amazônia Legal, anos censitários





(Banco Mundial, 2003)

Do mesmo documento, observa-se um casamento de interesses em prol da terra e de sua produtividade, visto que é a lucratividade da pecuária que determina o desmatamento e a conversão de florestas em pastagens rentáveis. Direta ou indiretamente, esta atividade se relaciona com os nossos hábitos alimentares, uma vez que são bens e valores atribuídos a demanda pelo consumo da carne ditada pela associação agropastoril e pecuária intensiva. São elementos aparentemente dissociados, mas quando analisados em detalhes, há de se perceber direções que delimitam a exploração dessas áreas em prol de um cenário que permeia um tipo de consumo desequilibrado.



Figura 1– Evolução de áreas desmatadas na Amazônia em Km² x ano

Na Amazônia Legal (correspondente a parte brasileira), nos últimos 15 anos, foram desmatados mais de 240 mil km² (aproximadamente o tamanho do estado de São Paulo), o que representa 5% de sua área total. E desses 240 mil km², aproximadamente 16 mil km² (pouco mais que 10 vezes o tamanho do município de São Paulo) corresponde às áreas de pastagens.

A situação da Mata Atlântica não é diferente. De sua área total nativa, apenas 7% (ou 95.000Km², o que corresponde aproximadamente ao tamanho do estado de Santa Catarina), fazem parte de sua formação inicial. Isso significa que mais de 90% de sua área original já não existe mais. Antigas áreas de florestas se transformaram em matas secundárias, restingas e mangues. Em vista disso, a Rede de ONG´s da Mata Atlântica (RMA), lançou uma campanha nacional no dia 27 de maio (Dia da Mata Atlântica) um abaixo-assinado virtual para o recolhimento de assinaturas que apóiam a aprovação do Projeto de Lei, substitutivo a PL nº 285/1999, que define o uso e a proteção do bioma natural remanescente.

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