quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Novembro mês da Consciência Negra


O mês da Consciência Negra e a construção de um BRASIL PLURAL

Há quase 30 anos, a Comunidade Negra convencionou chamar o mês de novembro como o mês de reflexão, debate e conscientização sobre os direitos dos negros, suas conquistas e avanços. Assim, novembro transformou-se lentamente no mês da Consciência Negra.
     A inclusão foi a grande pauta dos últimos 15 anos. Deu certo! Os avanços aconteceram, mas merecemos mais! Nossos dramas, enquanto povo negro, são anteriores à Constituição de 1988. Vêm desde 1.500, quando os colonizadores chegaram ao Brasil.
     Poucos países do mundo deixam seu futuro ser metralhado como no Brasil. Hoje, a população negra está em posição desfavorável todos os índices: analfabetismo, saneamento básico, assassinatos pela polícia, desemprego (que leva à opção pelo comércio de droga) e sofre com o alto índice de repetência escolar, além da pífia existência de negros como professores universitários, juízes, bispos.
     Os jovens negros são vítimas constantes dos "autos de resistência" - mecanismo legal que autoriza policiais  a utilizarem os meios necessários para atuar contra pessoas que resistam à prisão em flagrante, utilizado frequentemente de forma abusiva pelos agentes públicos - seguidos de morte. Por isso, a Comunidade Negra luta no Congresso Nacional para aprovar o Projeto de Lei 4.471, que proíbe o uso prática do auto de resistência. Ele tem sido o instrumento mais eficaz para esconder o motivo do alto índice de matança da juventude negra. 
     Temos ainda muito trabalho para conquistar a igualdade entre brancos e negros, como cidadãos. Talvez, o que mais fere a nossa dignidade é saber que estamos com a nossa autoestima ainda mal resolvida. Em média, três em quatro negros gostariam de ter nascidos brancos. Como povo que experimentou a escravidão por quatro séculos e que está a pouco mais de um século goza de liberdade, mas sem direitos iguais, precisamos do apoio de toda a sociedade para virar este jogo.
   Nenhum país do mundo deixou uma grande parcela de seu povo sob a escravidão e depois, sem nenhuma política pública de inclusão, fez a reparação destes anos de exploração. As cotas são o início desta recuperação. É Deus que pede a todos os cidadãos de boa vontade para "ouvir o clamor deste povo!" (Êxodo 3,7ss).

Fonte: Revista Ave Maria - Novembro/2014
Foto: Ave Maria

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